cinemas negros e indígenas pra sonhar outros mundos

Apesar das profundas desigualdades raciais e de gênero existentes no cinema brasileiro, a produção de curta metragem (e mais recentemente de longa também) tem sido um terreno cultivada por homens e mulheres negras e indígenas na construção de suas próprias narrativas. 

Em abril de 2023 foi criada a Katahirine (palavra originária da etnia Manchineri que significa constelação). Trata-se a primeira rede de mulheres indígenas que se dedicam ao audiovisual, pois “a imagem é nossa flecha, nossa arma, que aprendemos a usar assim como o papel”, afirma a cineasta Patrícia Ferreira Pará Yxapy (da etnia Mbyá-Guarani). 

Também sob essa perspectiva é que mulheres negras brasileiras de diversas partes do país tem construído nas últimas décadas um “Cinema Negro no Feminino”, por meio do qual são recriados mundos e possibilidades de amor e afetos. Ao produzir e dirigir seus filmes, cineastas negras brasileiras têm edificado um modo de fazer cinema que tem como referência a história e a cultura negras. 

Neste contexto se situa o projeto “Cinemas negros e indígenas pra sonhar outros mundos”, que visa possibilitar a acesso a cinematografias negras e indígenas por meio de sessões gratuitas do Cineclube Maria Grampinho realizadas no Sertão Negro Ateliê e Escola de Artes e em escolas municipais. Após a exibição dos filmes serão realizadas rodas de conversa ou debates, contribuindo assim para a formação crítica do público. Nas escolas, essas atividades pós-exibição terão tradução simultânea em libras. 

Tal projeto foi aprovado pelo Edital Lei Paulo Gustavo – Chamada pública nº 001/2023 – Secretaria Municipal de Cultura – Goiânia/GO (Modalidade 2:  Apoio a salas de cinema, Categoria: Apoio à realização de ação de Cineclubes). Trata-se, portanto, de uma iniciativa que busca fortalecer o trabalho já desenvolvido pelo Cineclube Maria Grampinho, fundado e dirigido pela pesquisadora Ceiça Ferreira, que além de um espaço educativo, é uma opção de lazer no Loteamento Shangry-la e bairros próximos, contribuindo assim para democratização da cultura.

Sessões

30/03/24 – Sessão 1 – Sertão Negro

  • Exibição dos curtas Camelôs (Milena Manfredini, 2018), Elekô (Coletivo Mulheres de pedra, 2015) e Tia Ciata (Mariana Campos e Raquel Beatriz, 2017).
  • Roda de conversa com Melissa Alves (curadora, arquiteta e urbanista), mediada por Ceiça Ferreira (diretora geral do projeto).

11/04/24 – Sessão 2 – Sertão Negro

  • Sessão especial com o lançamento em Goiânia do longa Black Rio! Black Power! (Emílio Domingos, 2023);
  • Exibição do curta Terreiro de memórias (Naymare Azevedo, 2017);
  • Conversa com os realizadores, mediada por Rafael de Almeida (cineasta, artista visual e pesquisador de cinema).

27/04/24 – Sessão 3 – Sertão Negro

Exibição dos curtas:

  • Kunhague- universo de um novo mundo (Graciela Guarani, 2020), Levanta e luta (Naine Terena, 2021) e Mensagens da Terra (Maria Pankararu e Sebastián Gerlic, 2019).
  • Roda de conversa com Mirna Anaquiri (artista visual e educadora), Andressa Barugaredo e Mariana Ekureudo (estudantes de Artes Visuais).

03/05/24 – Sessão 4 e 5 – Escola Municipal João Braz

Exibição dos curtas:

  • Piscina de Caíque (Raphael Gustavo da Silva; 2017)
  • Ga vī: a voz do barro (Direção coletiva; 2021)
  • Fábula de Vó Ita (Joyce Prado e Thallita Oshiro, 2016).

10/05/24 – Sessão 6 e 7 – Escola Municipal Professora Dalísia Elizabeth Martins Dolles

Exibição dos curtas:

  • Autodemarcação Já! (Coletivo Audiovisual Munduruku Daje Kapap Eypi , 2023)
  • O véu de Amani  (Renata Diniz, 15 min, ficção, 2019)
  • Mensageiras da Amazônia: jovens Munduruku usam drone e celular para resistir às invasões (Coletivo Audiovisual Munduruku Daje Kapap Eypi e Joana Moncau, 2022)

17/05/24 – Sessão 8 e 9 – Escola Municipal Professor Aristoclides Teixeira

Exibição dos curtas:

  • Meu Nome é Maalum (Luísa Copetti, 2021), Mensagens da Terra (Maria Pankararu e Sebastián Gerlic, 2019)
  • Das raízes às pontas (Flora Egécia, 2015).

25/05/24 – Sessão 10 – Sertão Negro

Exibição dos filmes:

  • Meada Cor Kalunga (Marta Kalunga, Alcileia Torres e Ana Luíza Reis (Analu), 2023, 23 min)
  • Kuña Porã: Matriarcas Kaiowá e Guarani (Fabiana Fernandes, Daniela Jorge João, 2021, 23 min)
  • Aguyjevete Avaxi’i (Kerexu Martim, SP, 2023, 21 min)

Roda de conversa com as realizadoras Marta Kalunga e Analu Reis. Mediação: Ceiça Ferreira

08/06/24 – Sessão 11 – Sertão Negro

Exibição dos filmes:

  • Caminhos Ciganos (Aluizio de Azevedo, 2023, 24 min)
  • Debaixo das Lonas, tudo é mais bonito! (Roy Rogeres, 2022, 40 min)

Roda de conversa com o cineasta Aluizio de Azevedo (cineasta) e Sara Macêdo (assessora jurídica popular), com mediação de Gabriela Marques (professora da UFG), que também assina a curadoria.

18/06/24 – Sessão 12 (Lab Inhotim) – Sertão Negro

Exibição dos curtas:

  • O mundo foi minha mãe quem fez (Analu Reis e Yasmin Nascimento, GO, 2022, 15 min)
  • Time de Dois (André Santos, RN, 2021, 11 min)
  • Bucala e a boneca abayomi (Maya Quilolo, BA, 2022, 8 min).
  • Mensageiras da Amazônia: Jovens Munduruku Usam Drone e Celular para Resistir às Invasões (Coletivo Audiovisual Munduruku Daje Kapap Eypi e Joana Moncau, 2022, PA, 17 min)

Roda de conversa com as realizadoras Analu Reis de Sá, Yasmin Nascimento e Maya Quilolo; e o artista visual Abraão Veloso. Mediação: Ceiça Ferreira

29/06/24 – Sessão 13 – Sertão Negro

Exibição dos curtas:

  • Fala Sincera (Yacewara Pataxó, 10min, 2023)
  • Ooni (Lilly Baniwa, 6 min, 2021)

Lançamento do longa: Diaspóricas (Ana Clara Gomes, 2023, 75 min)

Roda de conversa com Kesyde Sheila (Musicista) e Ana Clara Gomes (Diretora e Roteirista). Mediação: Jordana Barbosa (Produtora)

31/08/24 – Sessão 14 – Sertão Negro

  • Exibição do filme “Mulheres que alimentam” (Olinda Yawar Tupinambá, 2018).
  • Roda de conversa com Myllena Camargo (agricultora, engenheira florestal e coordenadora do Sertão Verde).
    Mediação: Ceiça Ferreira

Localização

Sertão Negro – O projeto será executado no Cineclube Maria Grampinho, cujas sessões são realizadas no Sertão Negro Ateliê e Escola de Artes, localizado na Rua Goiazes, quadra P, lote 9, Loteamento Shangri-la. Este espaço independente foi criado pelo artista visual Dalton Paula em 2021 e em 2022 iniciou efetivamente suas atividades, que incluem residências artísticas, aulas de capoeira, cerâmica, gravura, além de eventos que destacam a cultura e a tradição afro-brasileira.

Equipe

Ceiça Ferreira

Diretora Geral

Zanza Gomes

Coordenadora de Ações Formativas

Andresa Moreno

Diretora de produção

Mirna Kambeba Omágua Yetê Anaquiri

Curadora

Polliana Guimarães Lopes

Fotógrafa

Andressa de Jesus Barugaredo

Assistente de Curadoria

Jordana Cristina Alves Barbosa

Assessora de Imprensa

Debora Taiane

Designer Gráfico

Shayane Santos da Silva Santana

Produtora de Conteúdo

Mariana dos Santos Cibaebo Ekureudo

Assistente de Produção

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sonharoutrosmundos@gmail.com